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Por que sentimos medo de iniciar terapia?

  • Foto do escritor: pietramanzoli
    pietramanzoli
  • 12 de nov. de 2024
  • 2 min de leitura

Nas primeiras sessões, é comum que estejamos mais assustados. Afinal, estamos compartilhando aspectos muito íntimos com alguém que ainda não conhecemos, e as perguntas que já vínhamos fazendo sobre nós mesmos se somam às novas curiosidades sobre a pessoa sentada à nossa frente.


Mas percebo que, nesse medo, existe um ingrediente especial – quase uma "criptonita" particular de cada um. Quando encontramos um novo terapeuta, chegamos já marcados por cicatrizes, dores e bagagens. Temos nossos pontos sensíveis, nossas gavetas escondidas e nossos botões de pânico, criados ao longo de décadas. Toda essa memória gera, no início das sessões, uma angústia muito específica, que nem sempre percebemos estar ali: temos medo de que nosso terapeuta se comporte exatamente como aqueles que nos machucaram.


Se, em nossa história, nos sentimos abandonados por figuras importantes, é possível que temamos que nosso terapeuta nos deixe "falando sozinhos" ou que não se importe verdadeiramente com nossas necessidades emocionais. Talvez imaginemos um terapeuta frio, distante. Ou, se carregamos conosco muitas experiências de invasão de espaço, podemos temer que o novo terapeuta faça perguntas demais, toque em feridas demais e não sustente as emoções que surgem ao levantar tanta poeira. Se nossas necessidades emocionais foram frequentemente vistas como "frescuras," é possível que tenhamos receio de que o terapeuta não leve a sério nossas demandas e nos diga para "engolir o choro."


Provavelmente, o que nos faz temer esse espaço de cuidado emocional é um déjà-vu, carregado de dores e fios desencapados. Mas há algo curioso nisso tudo: o que nos leva a buscar um terapeuta é a esperança de experimentar, nessa nova relação, exatamente o que nos faltou. É a esperança de que, ao chegarmos com medo, encontremos um ambiente acolhedor e que nos mostre que existem outras formas de nos relacionarmos com os outros, tendo aquele espaço como ponto de partida.


Pietra Manzoli - Psicóloga de Orientação Psicanalítica


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